segunda-feira, 12 de novembro de 2007

ZOO
Imaginei este blog como um passeio ao Zoo.
Aqui, como lá, você poderá conhecer os diversos espécimes que eu pude capturar nos meus vários anos. Capturei alguns contra a vontade, outros se ofereceram dóceis e tiveram aqueles, que na verdade é que me caçaram. Numa melhor análise capturei e fui capturado, a definição precisa do ativo ou passivo nessa história é tênue e insignificante.
Assim é a vida na selva humana, ninguém escapa de uma jaula.
Estive preso em muitas jaulas desde que sai do útero materno. Fui presa da família, da escola, do trabalho, dos amores, dos amigos, da esposa, dos filhos e da sociedade.
E durante todo esse tempo, fui também montando a minha coleção particular.
E é essa coleção que apresento a vocês, são criaturas excepcionais e admiráveis sob todos os aspectos. Tenho por elas, sentimentos que vão do amor ao ódio, da admiração ao medo, do respeito ao carinho e sentido de proteção.
Se você ficou chocado com o termo “jaula”, com o ambiente úmido e frio e cinza do ZOO. Você pode trocar a paisagem de “Simba safári” por uma visita ao museu ou a uma galeria de arte.
Não importa se você vai vê-los como quadros ou como os bichos que verdadeiramente somos. De qualquer forma eles não escaparão das jaulas ou das pinturas das minhas recordações. De qualquer maneira, eu os apresentarei como peças da minha coleção afetiva. Presos para sempre em minha memória e no meu coração.
As personagens que surgirão neste blog, não aparecerão numa ordem cronológica, também não quis colocá-los em ordem alfabética, na verdade eles aparecerão sem ordem alguma. Eu preferi assim.
Na verdade não preferi nada! Não estou no comando desse “Jurassic Park”, devo confessar. Eles é que foram chegando e se apresentando.
Melhor assim, temia que qualquer classificação pré-definida tirasse a espontaneidade da coisa. Uma catalogação rígida demais, tornaria o passeio monótono e presumível. Uma ordem cronológica destruiria o conceito do blog, transformando-o em algo próximo de uma publicação autobiográfica. E, embora eu vá correr este risco desde o início, vou tentar ao máximo evitar que isto aconteça.
Se estiverem prontos, vamos começar o passeio na minha selva psicótica. Deixe-me antes abrir um parêntese; acho que sou mesmo um sujeito bastante psicótico – não sei se é esse o termo correto; psicótico. Infelizmente não pude fazer uma pesquisa com profissionais que dominem o assunto da loucura. Mas não tenho dúvidas de que não sou um camarada 100% normal!
Talvez esse livro seja uma tentativa de cura. A única terapia possível.
Entre os que me lêem, eu sei que encontrarei pessoas que me entenderão bem o que sinto, por que são pessoas como eu. Sabem que quase sufocamos sob o peso da responsabilidade de guardar esse imenso Zoo. Somos os guardas, os administradores, os zeladores e os vendedores de pipoca do parque. Guardar essas pessoas é um trabalho perigoso. São criaturas, algumas, com um poder letal. Eu as exorcizo, mostrando-as, desnudando-as.
Poderia buscar alívio para minhas dores, num confessionário. Mas onde encontrar, fora da ficção, um padre com tempo e paciência para escutar as minhas estórias. Um terapeuta, está além das minhas posses atuais; é algo muito longe do meu horizonte monetário. Então, resolvi escrever um livro. Inclusive porque posso fazer isso sem o risco das minhas palavras se voltarem contra mim.
Mas, vamos parar de enrolar e começar logo esse passeio.
Só não posso garantir que será agradável. Alguns espécimes apresentados poderão chocar aqueles de estômago fraco. O cheiro de alguns, a aparência e o comportamento de outros poderão ofender àqueles que resistem à idéia de no final das contas, sermos somente animais; carne, sangue e nervos; suor, saliva e sêmen; eletricidade e instinto. A intuição, a sede e a fome nas rédeas da nossa fortuna. Instinto é o que nos comanda. Você pode morrer negando isso se quiser. Não é o que todos fazem? Negue! É mais fácil, cômodo e mais... Mais... Meu Deus! A palavra!!! Qual é a palavra? RACIONAL!!! Sim racional. Vocês são pessoas racionais, por isso jamais se verão presos em jaulas. Vocês, não!
Vocês, que nos finais de semana, talvez decidam ir ao zoológico para dar pipocas aos macacos, se assustar com os leões, se arrepiarem com as cobras e sorrirem com a fofura dos pequenos ursos.
Logo estarei postando os primeiros espécimes. Aguarde e... Cuidado!

3 comentários:

Edson Carlos disse...

Não li seus textos ainda até porque o meu computador pessoal deu pane e estou no serviço, mas atesto para os devidos fins que o Cicero é uma das pouquissimas pessoas (artistas cubatenses) que não merecem o castigo de viver aqui ! Um gênio e um companheiro fiel para todo sempre alguém em que se possa confiar tanto quanto amigo, quanto escritor, dramaturgo e porra loca ! As palavras de Cicero não merecem ficar apenas aqui na NET nesse vasto Universo, que se tornou fronteira do nada com o lugar nenhum mas merecem as paginas brancas e puras do papel editado ... Num país onde a tela exala verdade e o livro é luxo ! Cicero é uma pérola atirada aos porcos de Cubatão ! Fui !

cicero gilmar lopes disse...

Este belo testemunho, que evidencia uma amizade construída tijolo por tijolo, passo a passo, copo a copo... garante a voce o privilégio de ocupar a cela 0.01 do Zoo Circuit. Um beijo!

MÁRCIA disse...

te adoro!!,fã com carteira ou não...sou suspeita. Marcia