OS JARDINS DA DONA CARLOTA.
Eram pouco mais de 6 horas da tarde, o rádio tocava mais um sucesso; “Caminhando contra o vento...” A panela de pressão assobiava como uma pequena locomotiva, soprando fumaça, Carlota sentada próxima a janela da sala, amamentava Carolina e tinha olhos perdidos no horizonte pintado de vermelho e amarelo fogo, onde o sol se escondia lentamente. Por conta do ocaso do sol e a pouca luz natural o quadro tinha a atmosfera do retrato de uma Madona. Naquele exato momento, Carlota pensava como a vida era a própria representação de um milagre, e Carolina, a filha que sugava o seus peitos era a mais exata prova disto.
Marx, o filho mais velho, ainda jogava bola com os meninos num campinho nos arredores da casa. Esta era a sua rotina de manhã à noite jogando bola, fubeca, empinando pipa, exercendo os seus sagrados direitos de brincar e ser feliz. Marx era uma criança. Era inocente. Não sabia de nada, e só por essa santa ignorância é que podia ser feliz.
Raul, o marido, entrou em casa, quebrando a corrente dos seus pensamentos, estava acompanhado de dois homens, vestidos em farda verde oliva, Raul, foi direto ao quarto do casal e Carlota instintivamente apertou um pouco mais Carolina contra o peito. De volta a sala, o marido carregava um saco de papel, de onde transbordava parte de uma legítima calça Lee. E Carlota pensou no quanto Raul era desleixado – Como pode? Carregar roupas em pacotes de supermercado? Raul se ajoelhou para poder ficar no mesmo nível que Carlota que permanecia sentada e amamentando, olhou-a tão profundamente nos olhos que parecia querer entrar dentro deles, e Carlota viu, nos olhos do seu homem, a mesma perplexidade que via nos olhos da pequena Carolina.
Carlota! – Ele disse, suavemente beijou a sua mão. – Eu tenho que ir com esses senhores. E para usar uma desculpa bem clássica, digo que vou comprar cigarros. E você vai dizer: “Mas, você não fuma!” Pois, comecei hoje, agora. A partir de hoje você vai saber que eu fiz coisas que.... Que eu peguei por pensamentos e ações. Vai descobrir que na verdade, nunca me conheceu. Esses dois senhores são militares e vão me escoltar até a padaria mais próxima. Vivemos tempos violentos e nunca se sabe quando seremos atacados por malfeitores. Eles me protegerão. Estou levando umas trocas de roupas para caso não achar a marca de cigarro que eu quero, nos bares e padarias aqui no bairro. Então, talvez eu tenha que viajar até outra cidade para encontrar minha marca. Talvez, eu demore, ou talvez eu nunca mais... Entendeu Carlota, “nunca mais”, eu volte. Se isto acontecer, quero que diga aos meus filhos que o pai deles foi um homem tolo na opinião da maioria, um homem que aproveitou as oportunidades que a vida ofereceu, que preferiu a estrada de pedras ao caminho das flores, que preferiu escalar a montanha quando podia ter chegado ao topo de helicóptero. Diga a Marx, que o pai dele desconfiava da existência de Deus, mas torcia por estar errado e acreditava em três belas palavras; Igualdade, Fraternidade e Liberdade. Diga a Carolina que o pai dela amava a vida como um menino ama sua mãe e principalmente amava sua mulher e seus filhos. Seus únicos tesouros. Eu já vou! – Gritou, Raul, para um dos homens que pediu que ele se apressasse. – Quando a você me amor, temo ter que deixá-la tão só e desprotegida. Mas, saiba que, mesmo distante, não deixaria um dia de pensar em você e te mandarei todo dia, confiando na força do amor que tudo pode, a luz da minha alma para te iluminar e te guiar. Adeus! – Disse isto, e partiu sem olhar para trás.
O rádio tocava outra música de sucesso. “Espero que você me aqueça neste inverno e que tudo mais vá para o inferno”
Meses depois, Carlota começou a desconfiar, e ela não acreditava mais na história do cigarro. Inúmeras possibilidades lhe foram apresentadas, para algumas, Raul, fugira com uma Brasilina, famosa mulata de maravilhosas e improváveis ancas, (uma verdadeira égua de raça), passista da “Unidos do amor eterno de Vila Cachoeira”, outros, diziam e apostavam suas vidas nisso, que Raul fora seqüestrado por seres do espaça. Baseavam – se no fato de que se o homem estava próximo de chegar à lua, (coisa que Carlota desconfiava ser uma inversão de Hollywood), os marcianos podiam muito em vir até aqui para recolher qualquer um de nós como espécimes para estudo. Era isto. Neste momento, o pobre Raul era um corpo vazio, conservando em uma versão marciana do nosso formol. Seus órgãos eram estudados atentamente por uma entusiasmada comissão de homenzinhos verdes. Aqui um coração preso numa engenhoca de para fusos e mangueiras ainda batendo, ali o pulmão como um fole, pendurado. – Que horror! – Interrompia Carlota, o dono daquela hipótese absurda. Para os pais de Carlota, Raul realmente encontrava outro alguém, não necessariamente uma mulher. Silvéria, a mãe, nunca viu seu genro como um exemplo de virilidade. – Muito romântico! Dedicado que, sonhador! – repetia dona Silvéria, a professora do colégio secundário, a quem os alunos chamavam pelas costas de “Cascavel”, rígida, invocada, feroz defensora da ordem, era capaz de arrastar o mau aluno pelas orelhas, levá-los pelos corredores da ordem até a diretoria.
Voraz comedora de hóstias, católicos fervorosas, dessas que ajudam o padre reze a missa chegando às vezes ao cúmulo de interferir no texto dos sermões, colocando, por exemplo, recados ameaçadores para os fiéis que, sabia ela, estavam agindo de maneira indigna, manchado com seus atos toda a comunidade. Seus alunos eram tratados na chibata. Sádica, se divertia vendo nos olhos das meninas, o medo que ela inspirava. Tratava a todos como seres inferiores, com exceção do Ribamar quer além de aluno aplicado era também campeão sul – americano de nado de peito, categoria júnior, filho do Dr. Aristóteles, renomeado dentista, respeitabilíssimo cidadão. O filho com certeza seguiria os passos do pai, ela profetizava.
O que ninguém sabia é que a “Cascavel” nutria por Ribamar, um tesão maior que as cataratas do Iguaçu, maior que o Pão de açúcar, só comparável ao medo de confessá-lo. Várias vezes ela ensaiava se declare para o menino de dezessete anos, o anjo louro com corpo de Apolo, corpo de Homem já, graças a natação, mas, não tinha coragem, se achava ridícula, a velha babenta correndo atrás do menino que bem poderia ser seu neto, suspirava quando ele se aproximava para que ela corrigisse as lições e de madrugada obrigava a tomar banhos gelados e aí, chorava de forma inconsolável.
Certa vez Raul, sem querer pegou a sogra em fragrante delito, a velha pensando que se encontrava só em casa , se masturbava, deitada em sua cama a mão dentro da calcinha e delirando repetia o nome do seu anjinho dos cachos dourados. Não é necessário dizer o quanto a situação foi traumática. Desse dia em diante, Dona Silvéria passou a tratar a Raul com profundo desprezo e antipatia.
O pai de Carlota uma vez por mês passava em sua casa afim de quitar todas as contas e deixar mais uma quantia para as despesas do dia – a – dia. E assim ela se manteve. Os meninos cresciam, Carolina já ensaiava os primeiros passos e as primeiras palavras, Marx estava abrindo todas as portas do mundo com sua “turma”, fumava, bebia, descobria as meninas. Com os anos, Carlota ficou na condição de viúva, de pessoa disponível na praça e não faltaram pretendentes a lhe prometerem castelos, tesouros, orgias. Mas, Carlota permaneceu fiel a memória de seu amado Raul.
Um dia, muitos anos depois recebeu um pote ceio de cinzas e com um bilhete anexado, onde se lia apenas: “Coloque em seu jardim”, quando tocou o pote com as cinzas teve um aceso de choro inconsolável. As vizinhas comentaram; “Pobre Carlota, cada dia mais fora do mundo real”
E Carlota fechada no seu mundinho se questionava; “louca eu? E porque? Simplesmente porque tinha dificuldades em entender o mundo ao seu redor? Não era culpa sua, o mundo é mesmo, uma matéria complicada”. Todos conhecem o certo e o errado. Isto pode, aquilo não! “Faça a coisa certa, Raul! Porque optamos sempre pelo caminho menos indicado para trilhar.”
A bíblia, (livro de cabeceira de Carlota), sobretudo o Novo Testamento, (via no antigo muitas contradições), representava um verdadeiro manual de como se deve agir diante do mundo.
– “Marx, é por aí que se anda!” Mas se não seguiam a estrada indicada pelo Cristo, por certo não seguiriam a estradinha de Carlota.
Todos diziam: “Eu quero ser feliz!” E batiam nas portas erradas Dinheiro, sexo e poder, nada disso abrigam a dona felicidade. O segredo, se é que havia algum, Pois, para ela a reposta estava escancarada, bastava aproveitar bem o dia e cada de uma vez, provar o sabor de cada segundo. Carlota havia provado bons e maus momentos e dava a todos a mesma importância. Porque afinal, de todos ainda podia sentir o gosto. Tinha guardado consigo a gosto, de Raul e por isso era mais fácil suportar a sua ausência. E agora, estava preste a ter outra perda, seu pai estava morrendo. E quando o velho teve certeza de que a morte era inevitável, mandou chamar Carlota.
Ela o encontrou moribundo. Ora lúcido, ora com terríveis alucinações.
– Os que habitavam os porões de Jânio, foram os responsáveis por sua renúncia. Estou a caminho da ultima parada! Estou a caminho. E o arcanjo Gabriel é quem fala por mim, agora. O anjo do Senhor fala pela minha boca. Existem dois universos, minha filha. O mais perceptível, claro, fica na superfície, o outro é absurdo e vive mergulhando nas profundezas. Deste último, faz parte o mau que me devora por dentro. Já há muito tempo, que eu apodrecia. Estes dois universos são como aquele jardim, que tanto você cuida e ama. Na superfície avistamos as flores ordenadas por espécies em canteiros, as rosas, os cravos, as margaridas, as violetas, as azaléias... As flores cumprindo o seu ciclo; primeiro o botão que depois desabrocha, murcha e morre. Assim funciona esse universo, cheio de organização, lógica e ordem. Visitam seu jardim os rouxinóis e as abelhas (nada mais dentro da ordem e organizado que uma abelha) Mais, não é só isso! Nos subterrâneos do jardim habita uma outra classe de seres bem menos belos e ordeiros. Junto ao estrume, ao, lixo, se alimentando da matéria morta, dos restos de comida e da carniça de pequenos animais, vivem os seres das sombras repulsivos, nojentos, predadores, devoradores do universo acima. O Brasil está contido em ambos os universos. Em um, somos os país do futuro e realizamos o “Milagre brasileiro”, no outro existe o terror, a repressão, a miséria e o endividamento que comprometerá nossa soberania e nosso futuro. O seu marido por exemplo, caminhava com um pé em cada um destes universos. Na da superfície era um pobre rapaz desempregado, com R.G e C.P.F, um genro, um marido, um pai. No outro um anarquista, um subversivo, um terrorista! Mais um predador, que felizmente foi apanhado, graças ao sogro delator, sim fui eu que entregou o seu marido. Na superfície ele saiu para comprar cigarros, no subterrâneo foi preso, torturado e morto ... Eu estou a caminho! Estou indo!”
E foi, como o braço estendido para o alto. Se soubesse, o falecido teria usado também o exemplo da sua própria mulher para provar sua teoria. Dona Silvéria que na superfície era um exemplo de conduta moral e por debaixo do pano, uma verdadeira tarada.
Carlota ao sair do quarto foi questionada a respeito do que lhe dissera o morto e ela respondeu: “Pobre papai, não falou coisa com coisa. A doença destruiu sua sanidade. Falou um monte de coisas improváveis. Dentre elas, disse que meu marido havia sido morto pelo nosso governo e que suas cinzas eram aquelas que joguei no meu jardim.”
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
ONLY THE STRONG SURVIVE
In the love
In the life
Only the strong survive
In the jungle
In the night
Only the strong survive
Only the strong survive
Only the strong survive
In the street
In the fight
Only the strong survive
In the darkness
In theses days when you die
Only the strong survive
Only the strong survive
Only the strong survive
In a second
Your life is gone
And you see
What crazy is all!
When the wind breaks all your bones
Try not to cry
Stand up and shine
Because, only the strong survive
In backstage
In middle-age
Dancing in the cut of knife
One moment before the fall
Remember - Only the strong survive
Is so hard
But is real
Only the strong survive
In lonely days
In the School
In the bed
In the sea
In the war
On TV
In the job
In the sky
Believe brother the world is a sordid lie
In the love
In the life
Only the strong survive
In the jungle
In the night
Only the strong survive
Only the strong survive
Only the strong survive
In the street
In the fight
Only the strong survive
In the darkness
In theses days when you die
Only the strong survive
Only the strong survive
Only the strong survive
In a second
Your life is gone
And you see
What crazy is all!
When the wind breaks all your bones
Try not to cry
Stand up and shine
Because, only the strong survive
In backstage
In middle-age
Dancing in the cut of knife
One moment before the fall
Remember - Only the strong survive
Is so hard
But is real
Only the strong survive
In lonely days
In the School
In the bed
In the sea
In the war
On TV
In the job
In the sky
Believe brother the world is a sordid lie
Marcadores:
cicero gilmar lopes,
letra de música,
poesia
Eu nao estou lá
Eu não estou lá!
Todos os dias eu olho o firmamento,
E o encontro no mesmo lugar,
Então se a vida prossegue a contento...
Como se explica esta falta de ar?
Respirar!
Não consigo respirar!
Me mover...
Não posso me mover!
Mesmo parado tendo a não me equilibrar.
Eu sei que existe um lugar.
Talvez um lar.
Talvez um bar!
Mas é inútil!
Porque eu não estou lá!
Todos os dias eu olho ao redor
E vejo o passeio dos desesperados
Sombras aflitas; migalhas de brilho e pó.
E mesmo com os meus ouvidos lacrados.
Olhos vazados! Olhos costurados.
Puto e calado
Pulsos atados
Deve haver algum lugar.
Para minha paz
Mas eu não estou lá
Eu sinto o peso dos olhares superiores,
Dedos em ristes apontando para mim
São bons soldados, juízes e os senhores.
Eles me querem bem longe dos seus jardins
Eles engraxam a roda universal
Eles recolhem o imposto semanal
Eles prometem a satisfação
Eles patrocinam minha doce ilusão
Minha poesia é um bisturi
A letra amarga, o sangue no olho,
A tripa exposta. Eu quero lhe abrir.
Descobrir em você o que me faz sufocar.
Precipitar... Desmoronar...
Estreitar... e desacelerar.
Alguém aqui podia ser o meu lugar.
Mas é inútil!
Porque eu não estou lá!
Todos os dias eu olho o firmamento,
E o encontro no mesmo lugar,
Então se a vida prossegue a contento...
Como se explica esta falta de ar?
Respirar!
Não consigo respirar!
Me mover...
Não posso me mover!
Mesmo parado tendo a não me equilibrar.
Eu sei que existe um lugar.
Talvez um lar.
Talvez um bar!
Mas é inútil!
Porque eu não estou lá!
Todos os dias eu olho ao redor
E vejo o passeio dos desesperados
Sombras aflitas; migalhas de brilho e pó.
E mesmo com os meus ouvidos lacrados.
Olhos vazados! Olhos costurados.
Puto e calado
Pulsos atados
Deve haver algum lugar.
Para minha paz
Mas eu não estou lá
Eu sinto o peso dos olhares superiores,
Dedos em ristes apontando para mim
São bons soldados, juízes e os senhores.
Eles me querem bem longe dos seus jardins
Eles engraxam a roda universal
Eles recolhem o imposto semanal
Eles prometem a satisfação
Eles patrocinam minha doce ilusão
Minha poesia é um bisturi
A letra amarga, o sangue no olho,
A tripa exposta. Eu quero lhe abrir.
Descobrir em você o que me faz sufocar.
Precipitar... Desmoronar...
Estreitar... e desacelerar.
Alguém aqui podia ser o meu lugar.
Mas é inútil!
Porque eu não estou lá!
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segunda-feira, 12 de novembro de 2007
ZOO
Imaginei este blog como um passeio ao Zoo.
Aqui, como lá, você poderá conhecer os diversos espécimes que eu pude capturar nos meus vários anos. Capturei alguns contra a vontade, outros se ofereceram dóceis e tiveram aqueles, que na verdade é que me caçaram. Numa melhor análise capturei e fui capturado, a definição precisa do ativo ou passivo nessa história é tênue e insignificante.
Assim é a vida na selva humana, ninguém escapa de uma jaula.
Estive preso em muitas jaulas desde que sai do útero materno. Fui presa da família, da escola, do trabalho, dos amores, dos amigos, da esposa, dos filhos e da sociedade.
E durante todo esse tempo, fui também montando a minha coleção particular.
E é essa coleção que apresento a vocês, são criaturas excepcionais e admiráveis sob todos os aspectos. Tenho por elas, sentimentos que vão do amor ao ódio, da admiração ao medo, do respeito ao carinho e sentido de proteção.
Se você ficou chocado com o termo “jaula”, com o ambiente úmido e frio e cinza do ZOO. Você pode trocar a paisagem de “Simba safári” por uma visita ao museu ou a uma galeria de arte.
Não importa se você vai vê-los como quadros ou como os bichos que verdadeiramente somos. De qualquer forma eles não escaparão das jaulas ou das pinturas das minhas recordações. De qualquer maneira, eu os apresentarei como peças da minha coleção afetiva. Presos para sempre em minha memória e no meu coração.
As personagens que surgirão neste blog, não aparecerão numa ordem cronológica, também não quis colocá-los em ordem alfabética, na verdade eles aparecerão sem ordem alguma. Eu preferi assim.
Na verdade não preferi nada! Não estou no comando desse “Jurassic Park”, devo confessar. Eles é que foram chegando e se apresentando.
Melhor assim, temia que qualquer classificação pré-definida tirasse a espontaneidade da coisa. Uma catalogação rígida demais, tornaria o passeio monótono e presumível. Uma ordem cronológica destruiria o conceito do blog, transformando-o em algo próximo de uma publicação autobiográfica. E, embora eu vá correr este risco desde o início, vou tentar ao máximo evitar que isto aconteça.
Se estiverem prontos, vamos começar o passeio na minha selva psicótica. Deixe-me antes abrir um parêntese; acho que sou mesmo um sujeito bastante psicótico – não sei se é esse o termo correto; psicótico. Infelizmente não pude fazer uma pesquisa com profissionais que dominem o assunto da loucura. Mas não tenho dúvidas de que não sou um camarada 100% normal!
Talvez esse livro seja uma tentativa de cura. A única terapia possível.
Entre os que me lêem, eu sei que encontrarei pessoas que me entenderão bem o que sinto, por que são pessoas como eu. Sabem que quase sufocamos sob o peso da responsabilidade de guardar esse imenso Zoo. Somos os guardas, os administradores, os zeladores e os vendedores de pipoca do parque. Guardar essas pessoas é um trabalho perigoso. São criaturas, algumas, com um poder letal. Eu as exorcizo, mostrando-as, desnudando-as.
Poderia buscar alívio para minhas dores, num confessionário. Mas onde encontrar, fora da ficção, um padre com tempo e paciência para escutar as minhas estórias. Um terapeuta, está além das minhas posses atuais; é algo muito longe do meu horizonte monetário. Então, resolvi escrever um livro. Inclusive porque posso fazer isso sem o risco das minhas palavras se voltarem contra mim.
Mas, vamos parar de enrolar e começar logo esse passeio.
Só não posso garantir que será agradável. Alguns espécimes apresentados poderão chocar aqueles de estômago fraco. O cheiro de alguns, a aparência e o comportamento de outros poderão ofender àqueles que resistem à idéia de no final das contas, sermos somente animais; carne, sangue e nervos; suor, saliva e sêmen; eletricidade e instinto. A intuição, a sede e a fome nas rédeas da nossa fortuna. Instinto é o que nos comanda. Você pode morrer negando isso se quiser. Não é o que todos fazem? Negue! É mais fácil, cômodo e mais... Mais... Meu Deus! A palavra!!! Qual é a palavra? RACIONAL!!! Sim racional. Vocês são pessoas racionais, por isso jamais se verão presos em jaulas. Vocês, não!
Vocês, que nos finais de semana, talvez decidam ir ao zoológico para dar pipocas aos macacos, se assustar com os leões, se arrepiarem com as cobras e sorrirem com a fofura dos pequenos ursos.
Logo estarei postando os primeiros espécimes. Aguarde e... Cuidado!
Imaginei este blog como um passeio ao Zoo.
Aqui, como lá, você poderá conhecer os diversos espécimes que eu pude capturar nos meus vários anos. Capturei alguns contra a vontade, outros se ofereceram dóceis e tiveram aqueles, que na verdade é que me caçaram. Numa melhor análise capturei e fui capturado, a definição precisa do ativo ou passivo nessa história é tênue e insignificante.
Assim é a vida na selva humana, ninguém escapa de uma jaula.
Estive preso em muitas jaulas desde que sai do útero materno. Fui presa da família, da escola, do trabalho, dos amores, dos amigos, da esposa, dos filhos e da sociedade.
E durante todo esse tempo, fui também montando a minha coleção particular.
E é essa coleção que apresento a vocês, são criaturas excepcionais e admiráveis sob todos os aspectos. Tenho por elas, sentimentos que vão do amor ao ódio, da admiração ao medo, do respeito ao carinho e sentido de proteção.
Se você ficou chocado com o termo “jaula”, com o ambiente úmido e frio e cinza do ZOO. Você pode trocar a paisagem de “Simba safári” por uma visita ao museu ou a uma galeria de arte.
Não importa se você vai vê-los como quadros ou como os bichos que verdadeiramente somos. De qualquer forma eles não escaparão das jaulas ou das pinturas das minhas recordações. De qualquer maneira, eu os apresentarei como peças da minha coleção afetiva. Presos para sempre em minha memória e no meu coração.
As personagens que surgirão neste blog, não aparecerão numa ordem cronológica, também não quis colocá-los em ordem alfabética, na verdade eles aparecerão sem ordem alguma. Eu preferi assim.
Na verdade não preferi nada! Não estou no comando desse “Jurassic Park”, devo confessar. Eles é que foram chegando e se apresentando.
Melhor assim, temia que qualquer classificação pré-definida tirasse a espontaneidade da coisa. Uma catalogação rígida demais, tornaria o passeio monótono e presumível. Uma ordem cronológica destruiria o conceito do blog, transformando-o em algo próximo de uma publicação autobiográfica. E, embora eu vá correr este risco desde o início, vou tentar ao máximo evitar que isto aconteça.
Se estiverem prontos, vamos começar o passeio na minha selva psicótica. Deixe-me antes abrir um parêntese; acho que sou mesmo um sujeito bastante psicótico – não sei se é esse o termo correto; psicótico. Infelizmente não pude fazer uma pesquisa com profissionais que dominem o assunto da loucura. Mas não tenho dúvidas de que não sou um camarada 100% normal!
Talvez esse livro seja uma tentativa de cura. A única terapia possível.
Entre os que me lêem, eu sei que encontrarei pessoas que me entenderão bem o que sinto, por que são pessoas como eu. Sabem que quase sufocamos sob o peso da responsabilidade de guardar esse imenso Zoo. Somos os guardas, os administradores, os zeladores e os vendedores de pipoca do parque. Guardar essas pessoas é um trabalho perigoso. São criaturas, algumas, com um poder letal. Eu as exorcizo, mostrando-as, desnudando-as.
Poderia buscar alívio para minhas dores, num confessionário. Mas onde encontrar, fora da ficção, um padre com tempo e paciência para escutar as minhas estórias. Um terapeuta, está além das minhas posses atuais; é algo muito longe do meu horizonte monetário. Então, resolvi escrever um livro. Inclusive porque posso fazer isso sem o risco das minhas palavras se voltarem contra mim.
Mas, vamos parar de enrolar e começar logo esse passeio.
Só não posso garantir que será agradável. Alguns espécimes apresentados poderão chocar aqueles de estômago fraco. O cheiro de alguns, a aparência e o comportamento de outros poderão ofender àqueles que resistem à idéia de no final das contas, sermos somente animais; carne, sangue e nervos; suor, saliva e sêmen; eletricidade e instinto. A intuição, a sede e a fome nas rédeas da nossa fortuna. Instinto é o que nos comanda. Você pode morrer negando isso se quiser. Não é o que todos fazem? Negue! É mais fácil, cômodo e mais... Mais... Meu Deus! A palavra!!! Qual é a palavra? RACIONAL!!! Sim racional. Vocês são pessoas racionais, por isso jamais se verão presos em jaulas. Vocês, não!
Vocês, que nos finais de semana, talvez decidam ir ao zoológico para dar pipocas aos macacos, se assustar com os leões, se arrepiarem com as cobras e sorrirem com a fofura dos pequenos ursos.
Logo estarei postando os primeiros espécimes. Aguarde e... Cuidado!
A Boa alma do World Trade Center
Adam é um pequeno funcionário de uma empresa que trabalha com empréstimos de pequenos porte para famílias pobres, os clientes da empresa são em geral, negros, mexicanos, hispanos e outras minorias étnicas que possuam uma garantia sólida como um carro ou preferencialmente casa. Adam se encarrega do cadastro dessas pessoas, tem em seu cadastro os dados pormenorizados desses infelizes, que colocam em debito suas almas por um punhado de dólares.
Adam é casado e tem dois filhos, Spencer e Wilbur, um de dezoito e o outro de quinze. Sua mulher se chama Ângela é gorda e fiel. Adam também é fiel a sua família e a sua mulher. É um homem de poucas ambições mais preocupado em manter o pouco que conseguiu do que com risco de novas aventuras. Assim é no trabalho, assim é na vida. Nada de aventuras.
Seu carro é um carro alemão a prova de quebras, sua casa tem pára raios e todos os domingos ele dobra os joelhos perante o crucificado, implorando que este o mantenha no nível em que se encontra. Adam viu seu pai passar por muitos apuros, culpa da bebida e da inclinação para a putaria. Por isso Adam não quer trocar a sua felicidade provinciana pelo pecado.
Acontece que hoje exatamente hoje a empresa contratou mais uma funcionária, seu nome é Mônica e ela é bela, muito bela. É uma gostosa! Provocante, sensual, jovem e apetitosa! Mesmo tendo sempre se policiado e se prevenido contra esse tipo de tentação, Adam ficou bastante perturbado com a senhorita Mônica, ela bem ao contrário relaxada e calma, ciente da sua força de atração despejava sobre ele o seu charme e a sua beleza com cheiro de sexo.
Ao final do primeiro dia quando na saída ela o convidou para tomar um drink no bar do edifício, ele para própria surpresa não pestanejou e a seguiu pelos corredores até o bar, onde beberam, e se conheceram melhor. Depois de dois drinks, ele, que era fraco para a bebida, caiu desmaiado e moça teve que carregá-lo para o seu carro. Acordou no dia seguinte, um sábado, na cama dela, detalhe: nu.
Voltou para casa, mas não foi direto, antes passou na igreja, o horário era o da missa e sabia exatamente quem encontraria lá. Na frente destes, ele se penitenciou aproveitando o auditório de amigos, pediu perdão à esposa e aos filhos que se encontravam presentes, ela exausta de tanto chorar, os filhos envergonhados. A esposa o perdoou e se abraçaram e choraram juntos aos filhos ainda mais envergonhados. O pastor os louvou e louvou a coragem do homem que não se envergonha de assumir publicamente o pecado e o erro.
Adam saiu da igreja revigorado e certo de que não cairia de novo em tentação.
Na segunda ignorou o que pode a senhorita Mônica, não lhe dirigia o olhar, mais por medo e respeito ao inimigo. Não se falaram além do que o necessário para a boa ordem dos serviços. O convite para uma nova esticada no final do expediente foi recusado com frieza.
A principio a senhorita Mônica pareceu entender que ele não queria mais nada com ela e não o importunou mais, salvo com suas pernas a mostra, seus decotes generosos e sua voz de sereia e sua presença sempre instigante. Ele resistiu e ela parecia aceitar isso. Até que na sexta veio a ordem superior; a instalação de um novo sistema de cadastro mais moderno seguro e completo, exigia que o senhor Adam passasse para o computador todas as informações disponíveis, tarefa bastante árdua, reconhecia o chefe e para tanto convocava também, para ajudá-lo na empreitada a senhorita Mônica, - Segunda feira este novo programa tem que estar rodando e atualizado, - pediu o chefe. E lá foram ele trabalhando noite adentro, ela profissional não se insinuou em nenhum momento e na verdade ele ficou impressionado com a rapidez com que ela realizava o seu trabalho; o mesmo volume que ele levava uma hora para preencher ela o fazia em quinze minutos, quatro vezes mais rápida, de forma que o serviço que deveria consumir bem uma quatro horas, cinco horas, foi terminado em pouco mais do que hora e meia.
– Acabamos. – ela disse. – Estou exausta! Um drink, preciso de um drink! Sei que você não gostou da nossa ultima saída, mais a essas horas... Dez horas! Eu não poderia ir sozinha ao bar do edifício. Você não se incomodaria de me acompanhar, não precisa beber nem nada, só me fazer companhia. E ele que já avisara a esposa que ficaria trabalhando até mais tarde e ele se sentindo na obrigação de recompensar aquela mulher que praticamente fizera todo trabalho sozinha, foi. Ela tomou dois drinks, falaram do trabalho de amenidades e ela disse que podiam ir embora, não eram nem onze horas. No caminho ao passarem em frente ao bar Quintos de Dante, um sem teto cruzou a frente do carro dele e ele o atropelou. Parou o carro e tentou socorrer o homem. Para sua surpresa o cara não morrera, mais estava muito bravo e se agarrou a Adam e os dois rolaram pelo asfalto molhado, o resultado dessa briga foi uma testa arranhada e sangrando e as roupas molhadas. Quando o homem se foi, Mônica pediu que entrassem no carro, mas o carro resolveu não pegar. A bateria do celular de ambos caiu, começou a chover e diante dessa situação absurda, Mônica sugeriu que fossem ao bar em frente para buscar socorro. Um telefone e um drink para aquecer os ossos.
– Você precisa parar de beber, ele disse.
E A PARTIR DAÍ DEU-ME UM BRANCO, FALTOU "LIGA", TINTA, SANGUE, INSPIRAÇÃO, PIRAÇÃO! NAO CONSIGO TERMINAR! LANÇO UM DESAFIO. QUE ALGUÉM ME AJUDE A DAR UM TÉRMINO NESSA HISTÓRIA.
Adam é um pequeno funcionário de uma empresa que trabalha com empréstimos de pequenos porte para famílias pobres, os clientes da empresa são em geral, negros, mexicanos, hispanos e outras minorias étnicas que possuam uma garantia sólida como um carro ou preferencialmente casa. Adam se encarrega do cadastro dessas pessoas, tem em seu cadastro os dados pormenorizados desses infelizes, que colocam em debito suas almas por um punhado de dólares.
Adam é casado e tem dois filhos, Spencer e Wilbur, um de dezoito e o outro de quinze. Sua mulher se chama Ângela é gorda e fiel. Adam também é fiel a sua família e a sua mulher. É um homem de poucas ambições mais preocupado em manter o pouco que conseguiu do que com risco de novas aventuras. Assim é no trabalho, assim é na vida. Nada de aventuras.
Seu carro é um carro alemão a prova de quebras, sua casa tem pára raios e todos os domingos ele dobra os joelhos perante o crucificado, implorando que este o mantenha no nível em que se encontra. Adam viu seu pai passar por muitos apuros, culpa da bebida e da inclinação para a putaria. Por isso Adam não quer trocar a sua felicidade provinciana pelo pecado.
Acontece que hoje exatamente hoje a empresa contratou mais uma funcionária, seu nome é Mônica e ela é bela, muito bela. É uma gostosa! Provocante, sensual, jovem e apetitosa! Mesmo tendo sempre se policiado e se prevenido contra esse tipo de tentação, Adam ficou bastante perturbado com a senhorita Mônica, ela bem ao contrário relaxada e calma, ciente da sua força de atração despejava sobre ele o seu charme e a sua beleza com cheiro de sexo.
Ao final do primeiro dia quando na saída ela o convidou para tomar um drink no bar do edifício, ele para própria surpresa não pestanejou e a seguiu pelos corredores até o bar, onde beberam, e se conheceram melhor. Depois de dois drinks, ele, que era fraco para a bebida, caiu desmaiado e moça teve que carregá-lo para o seu carro. Acordou no dia seguinte, um sábado, na cama dela, detalhe: nu.
Voltou para casa, mas não foi direto, antes passou na igreja, o horário era o da missa e sabia exatamente quem encontraria lá. Na frente destes, ele se penitenciou aproveitando o auditório de amigos, pediu perdão à esposa e aos filhos que se encontravam presentes, ela exausta de tanto chorar, os filhos envergonhados. A esposa o perdoou e se abraçaram e choraram juntos aos filhos ainda mais envergonhados. O pastor os louvou e louvou a coragem do homem que não se envergonha de assumir publicamente o pecado e o erro.
Adam saiu da igreja revigorado e certo de que não cairia de novo em tentação.
Na segunda ignorou o que pode a senhorita Mônica, não lhe dirigia o olhar, mais por medo e respeito ao inimigo. Não se falaram além do que o necessário para a boa ordem dos serviços. O convite para uma nova esticada no final do expediente foi recusado com frieza.
A principio a senhorita Mônica pareceu entender que ele não queria mais nada com ela e não o importunou mais, salvo com suas pernas a mostra, seus decotes generosos e sua voz de sereia e sua presença sempre instigante. Ele resistiu e ela parecia aceitar isso. Até que na sexta veio a ordem superior; a instalação de um novo sistema de cadastro mais moderno seguro e completo, exigia que o senhor Adam passasse para o computador todas as informações disponíveis, tarefa bastante árdua, reconhecia o chefe e para tanto convocava também, para ajudá-lo na empreitada a senhorita Mônica, - Segunda feira este novo programa tem que estar rodando e atualizado, - pediu o chefe. E lá foram ele trabalhando noite adentro, ela profissional não se insinuou em nenhum momento e na verdade ele ficou impressionado com a rapidez com que ela realizava o seu trabalho; o mesmo volume que ele levava uma hora para preencher ela o fazia em quinze minutos, quatro vezes mais rápida, de forma que o serviço que deveria consumir bem uma quatro horas, cinco horas, foi terminado em pouco mais do que hora e meia.
– Acabamos. – ela disse. – Estou exausta! Um drink, preciso de um drink! Sei que você não gostou da nossa ultima saída, mais a essas horas... Dez horas! Eu não poderia ir sozinha ao bar do edifício. Você não se incomodaria de me acompanhar, não precisa beber nem nada, só me fazer companhia. E ele que já avisara a esposa que ficaria trabalhando até mais tarde e ele se sentindo na obrigação de recompensar aquela mulher que praticamente fizera todo trabalho sozinha, foi. Ela tomou dois drinks, falaram do trabalho de amenidades e ela disse que podiam ir embora, não eram nem onze horas. No caminho ao passarem em frente ao bar Quintos de Dante, um sem teto cruzou a frente do carro dele e ele o atropelou. Parou o carro e tentou socorrer o homem. Para sua surpresa o cara não morrera, mais estava muito bravo e se agarrou a Adam e os dois rolaram pelo asfalto molhado, o resultado dessa briga foi uma testa arranhada e sangrando e as roupas molhadas. Quando o homem se foi, Mônica pediu que entrassem no carro, mas o carro resolveu não pegar. A bateria do celular de ambos caiu, começou a chover e diante dessa situação absurda, Mônica sugeriu que fossem ao bar em frente para buscar socorro. Um telefone e um drink para aquecer os ossos.
– Você precisa parar de beber, ele disse.
E A PARTIR DAÍ DEU-ME UM BRANCO, FALTOU "LIGA", TINTA, SANGUE, INSPIRAÇÃO, PIRAÇÃO! NAO CONSIGO TERMINAR! LANÇO UM DESAFIO. QUE ALGUÉM ME AJUDE A DAR UM TÉRMINO NESSA HISTÓRIA.
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